E
sem pena de mim tu destruis-te tudo aquilo que eu, sem querer,
construí. Ilusões. Nelas eu despejava alguma esperança, nelas eu ainda
sabia acreditar por mais iludida que estivesse. Iludida fiquei com o teu
jeito de amar, achava eu, que me amavas, mas apenas por breves
instantes. Duas horas passaram e o amor voou com o vento de uma noite,
daquela noite. Houve uma despedida e pensei que fosse apenas breve,
pensei que seria para breve o reencontro. Naquele último beijo eu
acreditei que não seria aquele o último, que existiria trocas de
olhares, transpirações e respirações ofegantes e hoje já não respiro, já
não respiro por ti, apenas o faço para minha própria sobrevivência
ainda que haja tempos em que não sei viver sem ti. É nesses em que luto
por ti, em que te amo mais do que alguma vez pude amar alguém. Eu
amo-te. Amo-te como não possível amar, porque é impossível amar-te.
Ainda que houvesse esperança, ainda que a cada momento haja sempre uma
esperança, por ser essa sempre a última a morrer, morreu. Morreu a
esperança porque morreu o amor ainda que o viva em mim. Morreu, e levou
com ele aquela noite, aquele último beijo, o último beijo... levou
com ele o teu olhar, o teu toque, o teu sorriso, o teu amor, aquele que
num instante sentis-te ainda que não tenhas sentido nada. Morreste em mim, ainda que te viva a cada dia que passa, ainda que viva em ti, ou ainda que vivas em mim para mim estas de partida. Partiste faz
hoje bastante tempo mas só hoje te senti partir porque hoje estou
despedaçada como já antes estava, mas hoje com mais intensidade. O amor
morreu, tudo morreu, não há nada mais que possa viver em nós, ainda que
te ame, não posso mais lutar por nós.
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