A cada dia que passa, a cada -hoje- que vivo e vou vivendo, eu lembro-me mesmo quando me esqueço de ti, mesmo quando acho que
me esqueço de ti, em lembro-me de ti porque não consigo esquecer-te. Eu
prometo que sim, eu imploro para que sim. Peço-te que vás mesmo sem te
pedir, porque já foste, só não foste de mim. Não encontro forma de
saíres de mim. De simplesmente ires. Não entendo como a cada dia que
passa, a cada -hoje- que eu vivo, eu vou caíndo em pedaços, e pequenos pedaços de mim vão ficando perdidos e eu sinto-me perdida porque levas-te um pedaço de mim, talvez vários pedaços de mim. Só te peço desculpa, ainda que não me sinta totalmente culpada, ainda que não me sinta
totalmente culpada por sentir o que tu não sentes, o que tu nunca
soubeste sentir porque nunca consegui fazer-te sentir. Agora sim, sinto-me culpada por nunca ter sido capaz de fazer contigo o que , a cada dia, soubeste fazer comigo, conquistar-me. E,
conquistar-te, foi o que eu nunca consegui, e só te peço desculpa por
isso. Ainda que não me considere culpada, continuo a ser culpada por não
te ter amado o suficiente, ou por não ter mostrado o suficiente para
que hoje me pudesses amar. Amar. Não sei se entendes isso. Entende que
te amo e não há nada mais verdadeiro que isso. Desculpa. Só te peço
desculpa por te amar tanto quando não me amas nunca mais, porque nunca
houve amor, nunca houve amor nem a mais ,
nem a menos, não houve amor. Mas eu continuo a senti-lo tão vivo.
Desculpa. Desculpa-me por tudo. Desculpa se não há futuro para aquilo
que um dia imaginámos, por breves momentos, juntos. Sei que é meu dever
ir, é um dever e um direito meu, um dever porque não posso mais ficar e
um direito porque tenho mesmo de ir, porque é melhor eu ir, mesmo que já
não haja ninguém aqui para se despedir de mim, para me despir antes de
ir. Despir-me. Despir-me a alma. Essa que se completava com a tua.
Desculpa, por nunca te ter feito sentir completo comigo por mais
completo que estivesses. Um dia eu estive completa, ainda que me
faltasse algo, e foi esse algo que tu completaste, completaste-me.
Desculpa por não ser o que pensaste que eu podia ser. Desculpa por nunca
ter feito parte de ti como fazes
parte de mim. Fizeste. Fizeste parte de mim, não poderás mais fazer.
Não me cabe a mim decidir, ainda que a decisão seja minha, seja a minha
escolha. A escolha. A minha escolha será partir. Desculpa nunca ter
partido o teu coração, se o partisse era porque havia amor, hoje vou
partir a saber que não há amor, nunca houve amor. Ainda que sinta, ainda que sinta o amor que vivemos, que eu vivi. O amor. O amor que estará sempre comigo mesmo quando tu não estás, porque nunca estiveste.
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